Mais de 1,5 mil pessoas foram demitidas no setor nos últimos meses.
Setor diz que gás subiu 28%, mas a Arsesp alega que autorizou 13,5%.
A alta do gás natural está fazendo com que empresas de cerâmica da região de Rio Claro (SP) demitam funcionários e fechem algumas unidades. De acordo com a Companhia de Gás de São Paulo, a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) estabelece o preço da tarifa a ser cobrada pela Petrobrás. O setor diz que o valor subiu 28%, mas a Arsesp alega que autorizou 13,5%.
Cinco empresas da região estão paradas e outras cinco enfrentam problemas para se manter em funcionamento. Uma das empresas fechadas em Rio Claro demitiu 180 funcionários há dois anos e os donos estão vendendo o estoque que sobrou, que chega a 80 mil metros quadrados de cerâmica.
Os empresários relatam dificuldade para adquirir gás natural e reclamam que o valor subiu 28% no último ano. Para tentar driblar a crise, um consultor administrativo foi contratado pelos empresários e tentam renegociar as dívidas, que em uma das empresas chega a R$ 5 milhões com a distribuidora de gás. “Os gastos foram subindo sem a conta ser consultada e não houve justificativa clara que convencesse ninguém”, disse o conselheiro João Paulo Claro.
Segundo a Aspacer, mais de 1,5 mil pessoas foram demitidas no setor nos últimos meses. Entretanto, de acordo com o consultor, a crise deve influenciar ainda mais o setor. “O segmento começou a entrar em uma linha de déficit consecutivo, o que causou o fechamento de várias empresas, a quebra de algumas, muitas já fecharam e outras vão fechar”, explicou Claro.
O presidente da Aspacer, Heitor Ribeiro Almeida Neto, afirmou que as rendas do setor caíram 12% no primeiro semestre e os preços estão defasados. “Nos últimos cinco anos não tivemos evolução de preços, só aumento de custos”, disse.
Uma empresa de Santa Gertrudes usa 600 mil metros cúbicos de gás por mês para manter os fornos funcionando 24 horas. No local, trabalham 150 funcionários e a empresa não possui dívidas, mas o presidente vê poucas chances das vendas aumentarem. “Abaixar os impostos do gás também não é a solução e nós pagamos um preço tarifário muito mais altos que os rivais internacionais”, afirmou Almeida Neto.
De acordo com a Companhia de Gás de São Paulo, quem estabelece o preço da tarifa a ser cobrada pela concessionária é a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Eles alegam que o principal componente da tarifa é o custo do gás, estabelecido pela Petrobrás. A Arsesp disse que autorizou um reajuste para esse segmento que soma 13,5%, diferente do índice de 28% informado pela Aspacer.